🎶 Música como Recurso Terapêutico no Tratamento e Cuidado com Crianças Autistas
Descubra como a música pode transformar o desenvolvimento de crianças com TEA.
Entenda os benefícios terapêuticos, estratégias práticas de musicalização e como aplicá-la em casa e na escola de forma acessível e eficaz.
🧠 Introdução: A força da música no desenvolvimento infantil
A música é uma linguagem universal que atravessa culturas, idades e condições. Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a música tem se mostrada uma ferramenta poderosa para estimular a comunicação, promover vínculos afetivos, desenvolver habilidades cognitivas e motoras , além de reduzir níveis de ansiedade e estresse.
Nos últimos anos, diversas pesquisas têm demonstrado que a musicalização infantil pode ser utilizada não apenas como um recurso educativo, mas também como uma intervenção terapêutica complementar à terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), fonoaudiologia e outras abordagens clínicas.
Estudos prolongados de Geretsegger et al. (2014), publicado na Biblioteca Cochrane , mostra que crianças com TEA que participam de sessões estruturadas de musicoterapia apresentam melhorias marcantes em comunicação social, reciprocidade emocional e interação não verbal , em comparação com intervenções não musicais.
🎼 A música e o cérebro autista: Por que funciona?
A música ativa diversas áreas do cérebro simultaneamente, incluindo regiões responsáveis por:
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Processamento auditivo
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Controle motor fino e grosso
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Memória e linguagem
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Regulação emocional
Em crianças neurotípicas, essas áreas trabalham em conjunto naturalmente. Já em crianças com TEA, muitas vezes há uma fragmentação dessas redes.
A música atua como uma “ponte neural”, facilitando a comunicação entre as diferentes regiões envolvidas — especialmente entre os hemisférios direito e esquerdo.
Além disso, o padrão rítmico previsível da música cria uma estrutura segura, o que é particularmente importante para crianças autistas que se beneficiam de rotinas e previsibilidade.
Essa característica ajuda a reduzir a ansiedade e aumentar a atenção e a participação ativa durante atividades terapêuticas.
🎤 Benefícios terapêuticos da musicalização para crianças com TEA
1. 🌱 Desenvolvimento da comunicação e linguagem
Cantar músicas simples, com gestos associados, estimula a imitação, a articulação de palavras e frases, além de promover a atenção compartilhada.
👉 Exemplo prático : músicas com repetições, como “Cabeça, ombro, joelho e pé”, ajudam a desenvolver vocabulário e associação palavra–ação.
2. 💬 Melhora na interação social
A música favorecendo a reciprocidade social: quando uma criança canta ou toca junto, ela naturalmente precisa alternar turnos, ouvir o outro e esperar sua vez — habilidades fundamentais para a socialização.
👉 Exemplo prático : Rodas musicais em grupo ou jogos de perguntas e respostas cantadas estimulam o olhar compartilhado e a participação conjunta.
3. 🧘 Regulação emocional e redução de crises
O uso de músicas calmas, com timbres suaves e ritmos lentos, pode ajudar a decepcionar uma criança em momentos de sobrecarga sensorial ou transições difíceis.
👉 Exemplo prático : criar uma playlist personalizada com músicas que a criança gosta e usar nos momentos de transição (ex.: hora do banho, mudança de ambiente) pode evitar crises.
4. 🧠 Estímulo cognitivo e motor
Atividades com instrumentos musicais simples — como chocalhos, tambores ou xilofones — estimulam a coordenação motora, a atenção sustentada e as habilidades de resolução de problemas.
👉 Exemplo prático : jogos de imitação de padrões rítmicos com instrumentos ajudam a trabalhar memória auditiva e controle motor fino.
🛠️ Como aplicar a musicalização terapêutica no dia a dia
🏠 Em casa: estratégias práticas para pais
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Escolha músicas que a criança já gosta e use como “porta de entrada” para atividades interativas.
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Crie uma rotina musical diária: por exemplo, cantar sempre a mesma música na hora de acordar ou escovar os dentes.
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Use músicas com gestos e repetições para participação ativa.
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Faça pequenas pausas no meio da música para que a criança complete uma frase ou o gesto, incentivando a comunicação.
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Utilize instrumentos musicais simples e seguros (pandeiro, chocalhos, sinos) para explorar sons e ritmos juntos.
🏫 Na escola ou terapias: estratégias para educadores e profissionais
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Incorpora músicas temáticas nas transições (ex.: “música de guardar brinquedos”), tornando a rotina mais previsível.
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Utilize canções como suporte para conteúdos pedagógicos: alfabeto, números, partes do corpo, etc.
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Promova rodas musicais estruturadas, em que cada criança tenha seu momento de participação.
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Combine música com atividades sensoriais — por exemplo, tocar instrumentos enquanto explora texturas — para integrar múltiplos canais sensoriais.
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Trabalhe com repetições semanais para consolidar habilidades.
🥁 Instrumentos Musicais Simples para Crianças Atípicas Usar na Terapia Musical
🎶 Exemplos de instrumentos acessíveis e práticos:
- Chocalhos e maracas : facilidade de segurar e ideais para trabalhar ritmo e progressão bilateral.
- Pandeiros pequenos : estimulam movimentos amplos dos braços e ajudam na percepção de intensidade sonora (fraco/forte).
- Sinos ou guizos : Ótimos para trabalhar atenção auditiva e alternância de turnos em atividades coletivas.
- Xilofones e metalofones : incentivar a exploração melódica e ajudar na cooperação olho-mão, além de introduzir noções de escala e sequência.
- Tambores de diferentes tamanhos : ajudam a liberar energia, trabalham o controle de força e promovem regulação emocional através do ritmo.
- Instrumentos de sopro simples (como flautas ou apitos suaves ): Podem auxiliar no fortalecimento orofacial e no controle de sobrecargas, desde que usados com cuidado para não gerar sobrecarga sensorial.
📝 Dicas para o uso desses instrumentos:
Disponibilizar os instrumentos em um espaço organizado e visualmente acessível, para que a criança possa escolher com autonomia.Prefira materiais resistentes, leves e seguros, adequados para diferentes idades e níveis de desenvolvimento.
Use um instrumento por vez, no início, para não gerar confusão ou excesso de estímulos.
Associe os sons a músicas conhecidas, comandos simples ou histórias cantadas, para ampliar o engajamento.
Lembre-se: o objetivo não é “tocar perfeitamente” , mas proporciona uma experiência sensorial rica e terapêutica.
Esses instrumentos funcionam como “pontes” entre o corpo e a música , permitindo que a criança se expresse, experimente sons e desenvolva habilidades de forma natural e prazerosa.
🧪 Evidências científicas e estudos relevantes
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Geretsegger, M., Elefant, C., Mössler, KA, & Gold, C. (2014) . Musicoterapia para pessoas com transtorno do espectro do autismo. Banco de Dados Cochrane de Revisões Sistemáticas.
→ Revisão sistemática que mostra benefícios em comunicação e interação social. -
Wan, CY e Schlaug, G. (2010) . A produção musical como ferramenta para promover a plasticidade cerebral ao longo da vida. Neurocientista.
→ Demonstrar como a prática musical promove a plasticidade cerebral, fundamental para disciplinas em TEA. -
Lim, HA (2010) . Efeito do “treinamento do desenvolvimento da fala e da linguagem por meio da música” na produção da fala em crianças com transtornos do espectro do autismo. Revista de Musicoterapia.
→ Mostra que o treinamento musical melhorou significativamente a produção de fala em crianças autistas.
📝 Dicas importantes de aplicação segura
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Evite sons muito altos ou estímulos sonoros caóticos, pois podem causar sobrecarga sensorial.
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Observe as reações da criança — se houver sinais de desconforto, redução de volume ou mudança de estilo musical.
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Respeite o ritmo e os limites da criança: a musicalização deve ser prazerosa, não forçada.
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Sempre que possível, combine a musicalização com orientações de terapeutas que acompanham a criança, integrando as estratégias ao plano terapêutico individual.
🌟 Conclusão: A música como aliada no desenvolvimento integral
A música é muito mais do que entretenimento — é uma ferramenta terapêutica poderosa que potencializa o desenvolvimento de crianças autistas de forma lúdica, envolvente e afetiva.
Integrada às rotinas diárias e aos planos terapêuticos, ela contribui para avanços consistentes em comunicação, socialização, autorregulação e habilidades cognitivas.
Ao utilizar a música com intencionalidade, pais, educadores e profissionais abrem uma janela de conexão única com a criança, fortalecendo vínculos e ampliando oportunidades de aprendizagem significativas.
Foto de Nicola Barts: https://www.pexels.com/pt-br/foto/menina-garota-moca-jovem-7943982/
Foto de Artem Podrez: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-fofo-bonitinho-de-pe-8088096/
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